Facebook perde usuários e Snapchat lucra pela 1ª vez
Depois de praticamente sucumbir ao império de Mark Zuckerberg (especialmente após o Instagram Stories), o Snapchat mostrou que está vivíssimo e registrou lucro pela primeira vez desde sua criação. Já o Facebook foi em direção oposta: pela primeira vez, divulgou uma queda em usuários ativos diários — de 1,930 bilhão para 1,929 bilhão.
Essa semana, a Meta divulgou seus resultados financeiros para o quarto trimestre de 2021. A queda de 8% no lucro ano a ano e as previsões mais conservadoras, abaixo das projeções de analistas, assustaram investidores. As ações da companhia caíram 22% na Nasdaq após o anúncio.
Durante a conferência, Zuckerberg admitiu que o Facebook está perdendo usuários para a concorrência — ele destacou o TikTok, da chinesa ByteDance, como um dos ofensores. No último ano, a plataforma conhecida pelas “dancinhas” superou o Google como site mais acessado, e o app ultrapassou a marca de 3 bilhões de downloads.
No outro lado da balança, o tímido lucro — mas bastante comemorado — da Snap, controladora do Snapchat, parece fazer coro com a visão de que há espaço para mais além dos domínios da Meta. A receita da companhia cresceu 42% ano a ano, e o lucro líquido foi de US$ 22,6 milhões. Com os resultados, o preço das ações da Snap subiu 52% no after market, como apontou a CNBC.
O fator Apple
Algo em comum para ambas as empresas foi o fator Apple — a dona do iOS alterou as políticas de privacidade, dando dor de cabeça para o setor de anúncios de diversas empresas, em especial, o da Meta.
A companhia de Zuckerberg havia alertado ainda em 2021 que as mudanças causariam grandes impactos, e voltou a dizer na última conferência que as previsões foram afetadas negativamente, já que a comparação seria com um período no qual as novas políticas da Apple não estavam em vigor. O impacto deve chegar a US$ 10 bi em receita no ano.
Para a Snap, no entanto, houve uma recuperação “mais rápida do que o previsto” no setor de publicidade, afirmou o CFO Derek Anderson. O executivo explicou que as mudanças da Apple “provavelmente serão experimentadas de maneira diferente”, já que a privacidade se tornou um “fator inerente” aos seus produtos.
Há um prazo de validade para o Facebook?
Antes da dominância do Facebook, a internet experimentou outras formas de rede social — no Brasil, vimos o Orkut brilhar e nos despedimos — com pesar — pouco tempo depois. Antes dele, já existia o MySpace. O Tumblr também teve dias de glória. Todos esses marcaram época, mas o prazo de validade venceu relativamente rápido.
O que é exatamente esse prazo? Em parte, são os interesses de usuários e, consequentemente, de mercado. Se uma plataforma não acompanha tendências, ela morre. Se não evolui com a tecnologia, se não mantém uma dinâmica aceitável, ela morre. O Twitter, por exemplo, segue o jogo ao longo dos anos, com adaptações aqui e ali, sem fugir tanto à sua essência. É mais nichado, mas é sólido.
O Facebook fez diferente — além de todos os escândalos envolvendo privacidade que mancharam a imagem da empresa, a plataforma inovou, mudou mais e mudou muito. Vem mudando há muito tempo. Aos poucos, o DNA inicial parece se perder. O Facebook hoje é estranho — parece um “Frankenstein” com pedaços de serviços e recursos que fizeram sucesso na última década. Nada parece encaixar muito bem, no fim das contas.
O Instagram segue um ritmo parecido depois que o TikTok virou um fenômeno. A corrida contra o tempo para manter o app da Meta relevante deixa algumas pontas soltas aqui e ali. São atualizações que chegam apenas para algumas pessoas, bugs que afetam outra parte dos usuários, e por aí vai.
Apesar do cenário não ser favorável, caso exista mesmo um prazo de validade, ele não acaba agora para os apps da Meta. As plataformas ainda são os maiores ícones de rede social do mundo — vide o estrago que o apagão em outubro provocou para diversas pessoas e empresas.
Resta saber por quanto tempo a dominância dura — e o que vem depois.
Fonte: Tecnoblog
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